sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Redes sociais viram ambiente de negócio de corretoras de valores

Com a popularização do Facebook e do Twitter entre os brasileiros, algumas corretoras de valores já estão utilizando estes canais para interagir com seus clientes ou até mesmo prospectando novos investidores através deles. As redes sociais estão se transformando em ferramentas de informação e novas plataformas para fazer negócios. Atualmente, já é possível até comprar e vender ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo através do Facebook.
Desde a segunda quinzena de janeiro, a Corretora Souza Barros tem uma página no Facebook onde se podem obter informações sobre a Bolsa, sobre determinada ação ou mesmo fazer perguntas e tirar dúvidas. Dois dias por semana — terças e quintas-feiras, entre 16h30m e 17h30m — o analista técnico da Souza Barros, Eduardo Matsura, faz uma espécie de chat com os interessados. Basta adicionar a página da corretora no Facebook para passar a receber as informações e participar do serviço tira-dúvidas. Não há nenhum custo. O mesmo vale para o Twitter, onde a corretora já tem três mil seguidores, que recebem informações do mercado financeiro.
— Falamos sobre oportunidades de ganho no curto prazo, identificadas pela nossa equipe de análise. Decidimos isso pelo perfil dos usuários que usam essas redes. Eles buscam a informação rápida para ter um ganho mais imediato, naquela semana. É diferente da análise fundamentalista, de prazo mais longo, que acompanha os fundamentos da empresa. Pelo Facebook, vale a informação baseada nos números do pregão, como preço da ação, valorização, máximas e mínimas. É uma análise quase em tempo real —explica Daniel Garcia, gerente de Homebroker da Souza Barros.
Garcia revela que 25% das pessoas que recebem informações da Souza Barros pelo Facebook já são clientes da corretora. Os demais buscam desde informações básicas, sobre como operar com ações, até algo mais específico, como o desempenho de um determinado papel, se é um bom momento para vendê-lo ou aumentar a posição.
— Nossa expectativa é que em algum momento esse usuário se converta em cliente. No fim das contas, as redes sociais são novos canais de negócios da corretora. Temos um analista de rede social que gerencia essa demanda. Em casos onde há interesse da pessoa em entrar no mercado de ações, o analista orienta como se cadastrar na corretora, pede o telefone e um assessor entra em contato com o cliente para esclarecer dúvidas mais específicas. Mas isso já fora da rede social, de forma particular. No Facebook, procuramos esclarecer as dúvidas mais gerais, que interessam a todos — afirma Garcia.
O potencial de crescimento dos negócios nas redes sociais no Brasil é imenso. Uma pesquisa realizada pelo Ibope Nielsen Online, no ano passado, mostrou que 30,9 milhões de brasileiros utilizam o Facebook. O número foi obtido no mês de agosto de 2011, considerando usuários únicos. O Twitter teve 14,2 milhões de usuários, no mesmo período. O estudo mostrou que em agosto, 87% dos internautas (39,3 milhões de pessoas) brasileiros faziam parte de alguma comunidade.
— Com estes números, o Brasil se consolida como um mercado com elevada utilização de sites sociais — disse nota divulgada pelo Ibope.
A Corretora Spinelli já deu um passo adiante. Ações de companhias negociadas na Bovespa já podem ser compradas pelo Facebook, através de um aplicativo desenvolvido pela corretora, que é carinhosamente chamado de "Facebroker". Da mesma forma, o interessado deve adicionar a página da Spinelli no Facebook, onde também passa a ter acesso a informações do mercado financeiro. Se decidir investir, pode fazer por ali mesmo.
— O sistema que desenvolvemos aparece com a moldura do Facebook, mas fica hospedado aqui na corretora. Por isso, não há risco quanto à segurança. E quando a pessoa investe, isso não é compartilhado. Assim, a privacidade do investidor fica preservada — explica Rodrigo Puga, responsável pelo homebroker da Spinelli.
A corretora tem dez mil clientes e cerca de 10% já operam pelo Facebroker, um número considerado excelente pela corretora, que talvez seja a pioneira nesse tipo de serviço no mundo.
— Pesquisamos e não achamos ninguém com um serviço parecido. Nem nos Estados Unidos, onde o mercado de capitais é muito desenvolvido — conta Puga.
Ele diz que o cliente que utiliza a rede social para investir tem entre 25 a 35 anos, cerca de 80% é de homens e que procuram oportunidades de curto prazo. Eles utilizam o serviço também para tirar dúvidas (a Spinelli tem ainda um blog de ações), além de fornecer informações pelo Facebook e pelo Twitter.
— Estes canais são realmente para prestar serviço aos interessados. Não usamos como “outdoor”. Ou seja, não ficamos mandando e-mails ou fazendo propaganda através deles. É um canal para interagir em tempo real: postamos notícias, tiramos dúvidas, fazemos recomendações —enfatiza Puga.
Para atender esse público, a Spinelli mantém três analistas.
Nos Estados Unidos, o uso das redes sociais para difundir informações sobre o mercado financeiro já se popularizou. O StockTwits, por exemplo, é uma espécie de Twitter do mercado financeiro. O site usa a mesma plataforma de comunidade, e os seguidores trocam informações rápidas e em tempo real sobre as ações que estão comprando ou vendendo. Também postam informações sobre oportunidades ou tendências do mercado. As informações são postadas por analistas, investidores e por companhias.
A empresa americana StreamBase criou um software de análise de dados chamado CEP (Complex Event Processing), que possibilita filtrar e analisar em tempo real as informações que circulam no Twitter. Com isso, consegue saber antecipadamente quais dados podem influenciar as pessoas nas decisões de comprar ou vender de ações.
— A rede social já pode ser considerada uma aliada do mercado financeiro — escreveu em seu blog, o presidente da StreamBase, Mark Palmer.
No Brasil, analistas de mercado dizem que já usam o Twitter para trocar informações após o fechamento do pregão.
— Na semana passada, por exemplo, a Petrobras divulgou seus resultados após o fechamento do pregão. O Twitter virou um canal de discussão — diz um analista de renda variável, que recomenda cuidado com a ferramenta. — A troca de informações pelo Twitter é positiva, mas esse canal também pode ser usado para manipular informações. Portanto, todo cuidado com a fonte de informação é pouco. A informação da rede social não pode ser a única na hora de vender ou comprar ações.

Via O Globo

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