Tecnicamente, a admissão é definida como um fator de risco. Mas,
considerando que a Zynga, a popular produtora de jogos para celulares e
redes sociais como Mafia Wars e FarmVille, gera 95% de sua receita via
Facebook, a preocupação dos investidores é que seu relacionamento com a
rede social criada por Mark Zuckerberg seja menos um fator de risco que
um modelo de negócios.
Reprodução | ||
Mafia Wars 2, continuação do famoso jogo da Zynga para Facebook |
E o desempenho que a Zynga apresentará como companhia de capital aberto
--a empresa projeta levantar US$ 925 milhões, com base em uma avaliação
de valor de mercado de US$ 9 bilhões, ao lançar suas ações na Nasdaq na
sexta-feira-- dependerá em larga medida de sua capacidade de se libertar
do Facebook. Ou, ao menos, de convencer os investidores céticos de que é
possível fazê-lo.
Até agora, porém, o ceticismo continua. Durante um almoço de
apresentação da oferta pública inicial da Zynga, na segunda-feira em San
Francisco, investidores dedicaram a maior parte de suas perguntas aos
executivos da Zynga à questão do Facebook.
"Sempre que existe tamanha dependência com relação a uma única empresa é
justificável que haja preocupação," disse Dan Niles, vice-presidente de
investimento da AlphaOne Capital Partners, que não participou do
almoço, mas assistiu a uma das apresentações da Zynga via internet.
Sob uma perspectiva de investimento, ignorar o fato de que apenas 5% dos
US$ 828 milhões em faturamento da Zynga nos nove primeiros meses do ano
vieram do Facebook poderia ser prejudicial.
A Zynga admitiu o ponto em seu prospecto de abertura de capital,
apontando que "qualquer deterioração em nosso relacionamento com o
Facebook poderia prejudicar nossos negócios e afetar de maneira adversa
nossas ações ordinárias".
O Facebook fica com 30% de comissão sobre a receita que a Zynga aufere
na rede social, que conta com mais de 222 milhões de usuários ativos de
produtos Zynga, de acordo com o site de monitoramento de tráfego
AppData. A Zynga obtém a maior parte de seu faturamento junto a menos de
3% do total de usuários de seus jogos, que adquirem itens virtuais como
caminhões e fichas de pôquer.
Depender tanto de uma única empresa acarreta riscos para o potencial de
crescimento da Zynga. Se o crescimento no número de usuários do Facebook
desacelerar, por exemplo, é provável que o mesmo aconteça com a Zynga.
Ou, em um caso extremo, caso o Facebook decida subitamente excluir os
jogos de sua rede, todo o negócio da Zynga seria afetado.
A Zynga também depende do Facebook de outras maneiras. De acordo com
documentos encaminhados às autoridades regulatórias em 18 de julho, ela
tem obrigação contratual de lançar alguns de seus jogos no Facebook
antes que o faça em outras plataformas.
E o pior é que a Zynga talvez tenha fracassado na única tentativa que fez até agora de se afastar um pouco do Facebook.
Quando a empresa, em outubro, revelou sua nova plataforma on-line Zynga
Direct, em um de seus raros eventos para a mídia, em San Francisco, o
projeto foi apresentado como forma de lidar diretamente com seus
usuários, sem intermediação.
Mas os usuários que foram ao site da Zynga para obter login direto na
empresa, o chamado Z Tag, foram instruídos a primeiro instalar o
aplicativo da Zynga no Facebook, o que causou a impressão de que a
companhia estava se integrando ainda mais ao Facebook, e não se
afastando dele.
Um porta-voz da Zynga se recusou a comentar sobre a oferta pública inicial da companhia.
OUTRO LADO
O argumento contrário é de que a dependência da Zynga quanto à
plataforma pode atrair investidores interessados em apostar no
crescimento do Facebook.
Já que a oferta pública inicial do gigante das redes sociais ainda
demorará alguns meses para acontecer, no momento não existem muitas
maneiras de participar do sucesso do Facebook via mercado de ações.
"Antes que o Facebook abra seu capital, a Zynga é o substituto mais
próximo que os investidores podem obter," disse Colin Sebastian,
analista da Robert W. Baird & Co. "No momento, a Zynga depende
totalmente do Facebook, o que pode atrair investidores que desejem
exposição à mídia social."
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