Calote dado pela Ticketronics, empresa de venda de ingressos pela internet, atingiu o Theatro Municipal do Rio. Produtores de espetáculos na cidade também cobram dívidas da companhia, que sofre com problemas financeiros.
A crise é tamanha que o Banco Rural pediu, em setembro, a falência da
empresa, pioneira deste mercado no país. A solicitação é pelo não
pagamento de empréstimos.
Criada em 1992, a Ticketronics iniciou sua operação vendendo entradas
para a Eco-92 e foi a pioneira no setor. Ela foi, por exemplo,
responsável pela comercialização de ingressos do Pan- Americano do Rio,
em 2007. Hoje, o site está fora do ar.
A primeira cobrança judicial contra a Ticketronics foi feita em janeiro de 2011 pela Fundação Theatro Municipal.
O órgão, vinculado ao governo estadual do Rio, afirma que a empresa não
repassou R$ 636 mil referentes a ingressos de espetáculos entre junho e
dezembro de 2010. O montante corresponde a 25,9% do que deveria ter
chegado aos cofres da fundação no período, segundo a ação.
Em resposta ao órgão, em dezembro de 2010, a empresa reconheceu o
débito, mas disse que precisava refazer contas para calcular a dívida
exata. Segundo a carta, erros no sistema "provocaram diferenças entre os
relatórios financeiros e as vendas efetivamente realizadas".
"Estamos constatando [...]que vários pagamentos ao longo do ano não
corresponderam aos valores efetivamente recebidos, provocando
considerável descompasso em nosso fluxo de pagamento", disse a empresa,
que pediu, então, o parcelamento da dívida.
O Municipal recusou a proposta, rescindiu o contrato e processou a
empresa. A Justiça bloqueou as contas da Ticketronics no valor da
dívida. O Estado pede ainda multas previstas no contrato.
O DJ Rodrigo Penna afirma não ter recebido valores dos ingressos da
festa Bailinho, que promoveu entre dezembro de 2010 e março de 2011.
O ator e diretor Enrique Diaz diz que a empresa lhe deve cerca de R$
4.000 em ingressos vendidos para a peça "In on It", no teatro Maria
Clara Machado, no Rio.
OUTRO LADO
A Folha tentou contato com os dois administradores da empresa que
constam no contrato com o Municipal. Nenhum dos dois respondeu às
ligações ou aos e-mails.
A sede da Ticketronics, no centro do Rio, está com móveis, mas escura,
vazia e trancada. Funcionário do prédio diz que a empresa "está de
mudança". A Justiça não conseguiu notificá-la sobre a ação do Municipal.
Não há advogados constituídos nos processos.