Quem tiver desapego material suficiente em relação a seus exemplares de
papel e tinta pode tê-los prontamente transformados num arquivo PDF,
desde que esteja disposto a enviar o original para reciclagem.
Kimimasa Mayama/Bloomberg | ||
Funcionária escaneia livros na Bookscan, matriz japonesa da 1DollarScan, em Tóquio |
Em três meses de operação no país, a 1DollarScan
diz já ter escaneado mais de 50 mil livros. Atendendo clientes de
diversas partes do mundo (Brasil incluído), o negócio está se expandindo
graças ao preço competitivo. Com cerca de US$ 5, é possível ter um
livro de 200 páginas transformado num arquivo digital.
O original de papel tem de ser destruído para evitar violação de
copyright. A lei americana não permite que um exemplar a mais de uma
obra seja introduzido no mercado.
Um bibliófilo mais conservador pode se perguntar por que alguém
destruiria um livro real. A empresa, porém, diz ter sido procurada por
muitos clientes que buscam "acessibilidade" de informação ou
simplesmente precisam de mais espaço livre.
Um dos atrativos é que o PDF criado pela 1DollarScan é construído com um
software de OCR (reconhecimento óptico de caracteres), que produz um
arquivo de texto digital em vez de meras páginas fotografadas.
É uma vantagem para livros sem índice remissivo, por exemplo, que passariam a contar com recurso de busca por palavra-chave.
O segredo do serviço barato, diz a empresa, é a automação. Aliada à
multinacional Canon, a BookScan (matriz japonesa da 1DollarScan)
desenvolveu um programa para uso industrial que processa informação mais
rápido do que softwares de OCR mais populares, como o da Adobe.
"A maior vantagem do nosso sistema é que ele escaneia a imagem e faz o OCR simultaneamente", disse
Mike Kiyamori. gerente de marketing da empresa. "Em um processo
convencional, é preciso escanear o material e depois usar outro software
para fazer o OCR, o que dobra o tempo de trabalho."
Editoria de Arte/Folhapress | ||
LIVROS FATIADOS
A 1DollarScan também adotou um método prático para desmontar os livros
-um cenário de horror para bibliófilos. "Temos um cortador eletrônico de
papel que extrai a lombada dos livros e os desmonta", diz Kiyamori.
"Depois, alimentamos o scanner com as folhas, e no fim do processo elas são empilhadas para reciclagem."
O sucesso rápido está fazendo a empresa pensar em expansão. Com clientes
pelo mundo, a 1DollarScan recebeu ofertas para abrir filiais na Europa e
na Austrália.
"Estamos discutindo se devemos expandir o negócio ou abrir um sistema de
franquia", diz. "Por ora, a Fedex ganha mais dinheiro do que nós quando
um cliente manda um livro de fora do país."
'USO JUSTO'
Essa facilidade para criar livros digitais já preocupa editoras: arquivos em PDF são facilmente pirateáveis.
"O serviço é de legalidade questionável", diz Allan Adler, do setor
jurídico da Associação de Editoras Americanas. "Se tenho a cópia de uma
obra no meu computador, posso anexá-la a um e-mail e enviá-la a um
amigo. Ele terá uma cópia nova, e eu ainda terei a minha", acrescenta.
Segundo o advogado, a lei atual de direitos autorais já permite que
editoras tentem notificar a nova empresa para impedir que determinado
livro seja escaneado.
A 1DollarScan diz que a lei considera "uso justo" criar arquivos
digitais para uso pessoal. No contrato de serviço, em todo caso, a
empresa se exime de responsabilidade sobre o que é feito com o PDF após a
entrega.
Fonte: Folha Tec
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